Se tem algo que a boa música nos ensina é que o tempo passa, mas o groove permanece. E nesta edição do Jazzmasters, o que temos é um desfile de classe, suingue, sensualidade e inteligência sonora. Um set que respeita a história, mas não se aprisiona nela — e como sempre, com aquela curadoria afiada do nosso Mestre Chico Aleixo que coloca no mesmo palco lendas consagradas, talentos redescobertos e apostas que já nasceram clássicas.

E pra começar, que trinca. The Joneses chega revisitado pelas mãos de Dave Lee. Boogie puro com roupagem moderna. Lee resgata o brilho setentista com toques de pista contemporânea, sem apagar o charme original. Uma abertura cheia de groove e memória afetiva que chama, na sequência, The Impressions vem para manter a elegância vocal e emocional. Um som mais disco, mas com alma gospel. E os Imaginations com suas cordas envolventes e vocal em falsete mostram que os anos 70 foram cheios de criatividade e talento. Uma verdadeira cápsula do tempo como diz nosso DJ Modell no programa.

Depois, abrimos espaço para três novos talentos, mas com os pés no retrô. Mychelle canta com doçura e firmeza, mandando um recado sincero com musicalidade moderna e entrega honesta. Assim como Namaya, um R&B com tempero de bossa-nova. Uma delícia sonora com cara de praia, com arranjos suaves e uma voz que nos leva a viajar. E o fenômeno Rema chega com afrobeat moderno e sedutor. Rema confirma seu status de embaixador do afrorave com uma faixa que hipnotiza pela batida e pelo vocal insinuante.

E se terminamos o primeiro Set com três artistas que mostram maturidade, visão estética e coragem criativa, o segundo Set vem poderoso com Valerie Marko, um Soul retrô com leveza e ironia. Um som que remete a Hiatus Kaiyote com produção lo-fi e charme vintage. A sensual e poderosa Emmaline apresenta um Jazz pop com voz sussurrada e arranjos de violino respira elegância e simplicidade ao mesmo tempo. Lisa Dietrich com Move Me No Mountain, é um dos grandes momentos da edição. Lisa entrega uma releitura emocionada e poderosa do clássico de Barry White, gravada originalmente pelo Love Unlimited em 1974 e posteriormente por Dionne Warwick e Chaka Khan. Lisa tem voz rica e apresenta arranjos de primeira linha. Uma veterana que canta com autoridade e alma. Merece lugar de destaque.

E para terminar, o som interestelar de Spaceship Encounter, Disco com excelentes arranjos e groove de outro planeta. Trilha sonora para aumentar o volume, pegar o carro e sair por aí, como muitos dos nossos ouvintes relatam semanalmente. Chocolate Milk chega com Funk e sotaque de New Orleans, sua terra natal. Direto, sincero e dançante, com jeitão de swing dos bons lá pela Bourbon Street. E o duo Zhané está aqui pra fechar com um R&B noventista, com charme e carisma. Dupla que sabia como embalar uma pista com doçura e atitude.
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Mychelle lança ‘Sweet Nothings’, faixa de R&B soul que reflete sobre promessas vazias e autossatisfação. Inspirada durante um trajeto de bicicleta, ela compôs a música com letra firme, mas leve, e cheia de autenticidade. Com raízes nas ruas de Londres, ela mistura talento, sensibilidade e força em sua nova fase.
Confira o vídeo que apresenta a música de destaque em nosso Jazzmasters: