O programa desta semana do Jazzmasters é uma verdadeira travessia pelas novas fronteiras do soul, jazz e R&B — misturando talentos contemporâneos com lendas consagradas e produções que valorizam o groove, o sentimento e a experimentação. Uma seleção sofisticada e surpreendente, que convida a uma escuta atenta e sensorial. Vamos por partes.

Abrimos com três visões distintas da alma contemporânea. José James reafirma seu posto de alquimista do jazz moderno, criando uma atmosfera rica, quente e referencial, mas nunca datada. Na sequência, YA NA, da cena búlgara, mostra que o novo R&B não tem mais fronteiras. Em “Back Seat”, a introspecção e a batida no estilo Kaytranada criam um cenário emocional e sincero.
Rayen encerra a tríade com a faixa “Rough” delicada e poderosa, mostrando como o soul pode ser íntimo, cru e ainda dançante.

Aqui chegamos ao núcleo espiritual do programa — e ao seu ponto alto. Jeff Bradshaw, reunindo um timaço de respeito, entrega uma faixa que é puro ouro líquido. “All Time Love” é elegante, quente, sensual e cheia de alma. O trombone de Bradshaw funciona como voz interior, enquanto Glasper, Roberson e Tweet se entendem no olhar. Um clássico instantâneo do soul contemporâneo, que merece destaque especial não só pela execução impecável, mas pelo sentimento que carrega. Logo depois, Frank McComb e DJ Spinna seguem o baile com uma ode à resiliência em “It’s Gonna Be Alright”. Um groove de maturidade, com a alma de um spiritual urbano e a leveza de quem já viu muito e ainda tem fé. Stefan Sands fecha o bloco com “Weird World”, um neo-funk com sotaque sul-africano e tempero próprio. Simples e bem feito — coisa rara.

O segundo set do Jazzmasters vem com um trio que é um verdadeiro mergulho no DNA do funk e da inventividade.
MonoNeon é aquele tipo de artista que mistura George Clinton com Prince e ainda põe a avó pra cantar. Funk de vanguarda, psicodélico e emocional. Na sequência, o mestre James Brown traz o peso histórico de “Soul Power”, com testosterona e alma de sobra. Um lembrete do quanto tudo o que ouvimos hoje nasceu ali.
E Stevie Wonder, com a versão remixada de “I Wish”, nos leva à infância do groove com a sofisticação dos arranjos que só ele sabe fazer. Três momentos de pura celebração à liberdade artística.

Encerramos com um trio que olha para o futuro com os dois pés no passado. Mishell Ivon funde disco, nu soul e funk com maestria — sua voz e produção têm brilho internacional, daqueles que mexem com as pistas ao redor do mundo.
LOU’ANA, da Nova Zelândia, traz um soul delicado, cheio de descobertas rítmicas. Uma artista completa, com presença, conceito e coração. E Soulista, com Anduze, fecha com elegância. “All My Time” tem aquele sabor de boogie sofisticado, com alma italiana e swing norte-americano. Um brinde sonoro para encerrar o set com classe.
Ainda não ouviu?? Ouça o Jazzmasters aqui.
Após o lançamento do primeiro single “All Time Love”, com Robert Glasper, Eric Roberson e Tweet, o artista da Filadélfia revelou seu videoclipe oficial.
No visual, Roberson e Tweet fazem serenata um para o outro em uma sessão íntima de estúdio, enquanto Bradshaw e Glasper definem o cenário musical.
“Espero que as pessoas achem este álbum uma lufada de ar fresco”, diz Bradshaw.
Confira o vídeo que apresenta a música de destaque em nosso Jazzmasters: