Citrus Sun

Blue Maunick Recria Clássico De Bobby Caldwell Com Sua Citrus Sun

O programa desta semana do Jazzmasters é daqueles que fazem a gente acreditar de novo no poder da música como energia vital — um percurso sonoro que começa no coração eletrônico da neo-disco australiana, atravessa o soul vintage dos anos 70, mergulha nas novas ondas do soul europeu e termina nas alturas com house gospel moderno. É um daqueles programas que você ouve com o corpo e alma.

Foto: Close Counters

Logo nas três primeiras faixas, a viagem começa em alta voltagem. “Constant Love”, do Close Counters com Jace XL, traz a elegância futurista da soul eletrônica australiana — sintetizadores cheios de groove, batidas com pegada de house e uma doçura vocal que parece derreter nos ouvidos. Na sequência, o remix brasileiro de Darondo – “Didn’t I”, feito pelos irmãos Johnny e Ed Bolzan, atualiza um clássico da soul californiana com respeito e sutileza, mantendo o charme original e adicionando um toque tropical e contemporâneo. E então vem o grande momento: Citrus Sun – “Down For The Third Time”. Bluey Maunick, o cérebro por trás do Incognito, entrega aqui um exemplo de como se refaz um clássico sem perder o espírito original. A voz de Natalie Duncan, o trompete de Dominic Glover e a guitarra de Charlie Allen criam uma tapeçaria sonora de elegância e emoção. É soul-jazz da mais alta classe — suave, quente e sofisticado, do tipo que poderia tocar num rooftop em Londres ou São Paulo. É a faixa que resume o tom do programa: reverência ao passado, mas com os pés firmes no presente.

Foto: J.Blue

Logo depois, o clima fica mais introspectivo, mas não menos envolvente. A voz de J Blue revisita o blues espiritual de Blind Willie Johnson com um toque cinematográfico e soul moderno — uma mistura de sombra e luz que emociona. Já Durand Jones & The Indications, com “If Not For Love”, reafirma seu posto como os herdeiros legítimos do soul americano clássico, agora com maturidade e uma sinceridade brutal. E Sūn Byrd, direto da Noruega, mostra que o funk-soul se tornou universal: “Dance in the Sun” é puro entusiasmo analógico, groove e alegria contagiante — uma canção feita para levantar o astral e celebrar a vida, com toques de James Brown e um frescor escandinavo surpreendente.

Foto: Pat Van Dyke

As faixas de sete a nove formam um dos blocos mais coesos e vibrantes do programa. Fat Night – “Sun Go Down” é soul indie feito com coração, groove e melancolia. Pat Van Dyke e Indira, em “Good Thing”, trazem aquele clima do jazz-hip-hop dos anos 90 com sofisticação e alma — parece uma jam do A Tribe Called Quest em um estúdio de Nova Jersey. E The Main Squeeze, com “It’s No Wonder”, prova que o funk-rock setentista ainda pulsa forte: guitarras, sintetizadores e vocais que passeiam entre o soul, o psicodélico e o pop alternativo. É a trilha perfeita para uma viagem de final de tarde.

Foto: Stephanie Sounds (Ayce & Spirit Of House)

O encerramento do programa é uma celebração à espiritualidade dançante. Ben Liebrand reinventa Timmy Thomas com uma mixagem épica de “Why Can’t We Live Together”, mantendo a mensagem eterna da música — e provando que o groove pode ser também um ato de resistência e paz. A regravação de “Sun Is Here”, com novo vocal mix, traz de volta o brilho da era disco e o poder dos metais. E fechando em grande estilo, Ayce & Spirit of House feat. Stephanie Sounds – “Top of The World” entrega uma catarse: gospel e house se encontram em um hino de elevação e alegria. É música para dançar, orar e agradecer — o ponto mais alto de um programa que fala de amor, fé, groove e humanidade.

No fim, o Jazzmasters desta edição é mais do que uma sequência de DJ. É uma experiência emocional. Uma viagem sonora que vai do soul digital de Melbourne à luz espiritual de Londres — sempre guiada por esse fio invisível que une todas as eras do soul: o sentimento verdadeiro, como dizia Ray Charles.

Ainda não ouviu? Ouça o Jazzmasters aqui.

O lançamento de Bobby Caldwell de 1978, ‘Down For The Third Time’, é uma espécie de clássico soul de groove raro – então, é ótimo ouvir em uma versão totalmente nova, cortesia da CITRUS SUN de Jean Paul Blue Maunick. O trabalho bem especial conta com vocais doces de Natalie Duncan e um trabalho impressionante do trompetista Dominic Glover e do guitarrista Charlie Allen.

Confira o vídeo:

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