O Jazzmasters desta semana é uma viagem elegante pela história viva do Soul e da Disco — de suas raízes setentistas à reinvenção digital do presente. Um Jazzmasters, com a cara da sua história, conectando gerações, estilos e emoções, revelando como o groove evolui sem jamais perder a alma. São doze faixas que contam, o percurso da música negra moderna — do funk de Sly Stone ao pop introspectivo de Martin Luke Brown, do hedonismo disco ao soul eletrônico dos novos tempos.

As três primeiras faixas abrem o programa com o que o soul tem de mais autêntico: corpo, swing e verdade, tudo o que Ray Charles profetizou. Sly & The Family Stone, em nova versão de “If You Want Me To Stay”, prova que o funk é eterno quando tem propósito e personalidade. O som é cru, vivo, com aquele baixo falante que Larry Graham inventou e o mundo nunca mais esqueceu. Na sequência, Al Hudson & The Soul Partners chegam espalhando amor — literalmente — com “Spread Love”, um clássico de pista que ainda soa como manifesto de união e alegria. E o francês Mark Lower, ao lado da britânica Dyanna Fearon, fecha o primeiro bloco com “Endlessly”, unindo o espírito disco e o toque moderno do house europeu: é o soul vestido de 2025, mas com aquele jeitão dos anos 80.

A sequência do nosso Mestre DJ Chico Aleixo, apresenta o clima de pura celebração e resgate. Donna Summer, com “Last Dance”, continua sendo a rainha absoluta do hedonismo elegante — uma faixa que começa suave, cresce com emoção e termina como um hino de libertação. Logo depois, o grupo inglês Cousin Kula recria “I Feel Love”, mantendo a reverência ao original de Summer e Moroder, mas com texturas psicodélicas e um swing de banda indie que atualiza o clássico com respeito. E então vem um momento especial do programa: Martin Luke Brown, com “Back 2 Ya”. É a alma britânica contemporânea em estado puro — voz leve, groove indie e letra que fala sobre gratidão, reconexão e a beleza das relações sinceras. Martin soa como quem achou o equilíbrio entre vulnerabilidade e groove, entre confissão e melodia. É o tipo de música que, sem pedir atenção, simplesmente conquista.

Nosso retorno para o segundo set há o retorno às raízes. Maze & Frankie Beverly evocam a espiritualidade do R&B de verdade com “Joy and Pain” — uma música que é ao mesmo tempo consolo e celebração, e ganha nova vida nesta versão edit. Touch of Funk e Boz Scaggs, em “Lowdown”, se unem num diálogo entre passado e presente, com mashups e remixes que mantêm o DNA do groove vivo nas pistas de hoje. É o soul em sua forma mais resiliente: adaptável, sensual e cheio de nuances.

E o programa encerra com três faixas que resumem essa travessia do tempo. Rick James surge irresistível em “Give It To Me Baby”, lembrando que o funk pode ser sujo, divertido e sofisticado ao mesmo tempo. Kool & The Gang, com “Steppin’ Out”, traz a elegância natural de quem transformou a música de festa em arte. E Jay Caruso, ao lado da cantora Phie Claire, revisita o clássico “Dance A Little Bit Closer” em versão moderna, vibrante e dançante — encerrando o programa em clima de celebração, com o mesmo espírito que move todas essas gerações: groove, emoção e liberdade.
Em resumo: este Jazzmasters é um mapa emocional do soul — da revolução de Sly Stone à introspecção de Martin Luke Brown, da disco-dance à neo-soul digital. O som muda, mas a essência do groove continua a mesma.
Ainda não ouviu? Ouça o Jazzmasters aqui.
“I Feel Love” é uma canção da cantora e compositora americana Donna Summer. Produzida e composta pela dupla Giorgio Moroder e Pete Bellotte, foi gravada para o quinto álbum de estúdio de Summer, I Remember Yesterday (1977). Agora, o coletivo Cousin Kula, que durante a pandemia resolveram morar juntos e criar novas músicas e homenagear suas influências, apresentam aqui seu cover para a clássica e futurista música de Summer.
Confira o vídeo: