DJs E Produtores Como Sam Redmore Brilham No Jazzmasters

Num set que mais parece uma jornada sensorial pelo groove, da elegância soul e do balanço universal da música negra, a sequência que começa com “Butter Bread” de Close Counters com a voz acetinada de shiv soa leve, mas com uma base forte e sofisticada. Soulful house de alto quilate, groove urbano com sotaque australiano e com alma eletrônica londrina. E é justamente aí que a coisa pega fogo: entra Funkadelic com seu funk marciano, sampleado, reeditado, vitaminado por Sam Redmore. “(Not Just) Knee Deep” nunca foi apenas música, foi DNA sonoro de toda uma geração de funk e hip-hop. George Clinton e seus comparsas sempre souberam que o funk não era apenas um ritmo — era uma ideologia, e essa faixa continua como um mantra: quanto mais livre, mais funk.  Na sequência, The Blackbyrds nos levam para um passeio noturno em “Rock Creek Park”, agora com Lego Edit polindo os detalhes sem perder o brilho original.  Donald Byrd ensinou bem seus alunos “isso aqui é jazz-funk do bom, meu chapa”. A guitarra sussurra, o baixo pulsa, e Merry Clayton, sempre ela, ilumina o caminho com seu vocal de presença histórica.

Quando Jordan Rakei entra com “Trust”, parece que o clima muda, mas na verdade a vibração apenas se aprofunda. Rakei é um dos raros artistas que sabem usar silêncio e espaço como instrumentos, e sua soul-jazz meticulosa dá uma pausa contemplativa, mas que não interrompe o fluxo — ela o qualifica como bem sabe fazer o nosso programador Chico Aleixo. Vem então Moods com Nic Hanson, e o clima volta a flutuar: a faixa “Music Never Looked So Good” parece uma extensão do Rakei. Hanson canta como quem não precisa provar nada e Moods embala com classe e batida aveludada.

Foto: Neurozen

E com a dica do nosso DJ Akeen.  Neurozen chega com “Prá Pirá” e traz o Brasil para o set. É MPB de pista, mas com respeito à ancestralidade rítmica e ousadia nas texturas. Um groove com alma instrumental que quer ver o corpo mexer. O sax e o trompete conversam entre si para desafiar a razão: é para pirar mesmo.

Foto: Opolopo

O nosso segundo set abre com Opolopo e Natasha Watts  que vêm com “Situationship”, a voz poderosa de Watts sobre as camadas sofisticadas de Opolopo que costura tudo com sua habitual elegância house-funk. Lack Of Afro, com Greg Blackman, em “Make It Shine”, traz o otimismo do soul clássico com pegada contemporânea. A música não se contenta em brilhar — ela irradia. E o que dizer de Lovebirds aparecendo com “Wrap Me Up”: disco refinado, temperado com basslines elegantes e vocais doces que te leva para a pista sem você perceber.

Foto: Ferdinand Debeaufort

Chegando no clímax vintage, The J.B.’s ganham o reforço de Ferdinand Debeaufort, que injeta novo sangue na clássica “Gimme Some More”. Aqui não há nostalgia — há reverência com modernidade. O funk dessa bandaça ganham roupagem nova parisiente, elegante mas mantendo os sapatos sujos da rua — como deve ser. Já Simon Vinyl Junkie, com sua reinterpretação de “Tear The Roof Off The Mother”, pega o legado de Parliament e transforma em hino de pista contemporânea. E fechando com chave de ouro, K.C. & The Sunshine Band revisitado por Jo Manji em “Boogie Shoes” é para agradecer de joelhos. Um clássico que ganhou polimento eletrônico sem perder a classe original, é aquela trilha sonora ideal pra apagar as luzes da festa, com glitter no chão e sorriso no rosto.

Este set é mais que uma compilação. Do Soul ao Funk, do House à MPB, é um roteiro sensorial feito com coração, que a gente entrega semanalmente no Jazzmasters. É como uma reunião de família grande, da antiga e das novas gerações onde todo mundo dança, ama e sonha em brilhar.

Ainda não ouviu?? Ouça o Jazzmasters aqui.

No programa você conhece a versão do produtor italiano Lego. Neste video, a original – The Blackbyrds com ‘Rock Creek Park’:

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